
Oi, quanto tempo né? Bom, hoje eu
tirei o dia para te escrever. Não o dia todo, para falar a verdade, mas tirei
um tempinho da minha correria diária para poder te dizer algumas coisas. Não se
preocupe, essa não é uma daquelas cartas de amor clichê porque o nosso amor não
se parecia com nada disso. Essa carta é só para que você saiba o tipo amor que
eu sentia aqui dentro. Essa é uma carta para descrever o que eu amava em você.
Eu não te amava pelas coisas que
você dizia e sim pelas atitudes que dava ao longo do dia. Sentia meu coração
acelerar de leve, como numa curva, todas as vezes que você tocava Cícero no
violão para mim, mas posso te falar uma verdade? Meu coração pulava dentro do
meu peito quando você encostava sua cabeça no meu ombro e beijava meu pescoço
enquanto víamos algum filme qualquer.
Eu não te amava pelas coisas que
você tinha e muito menos por aquelas que você me dava. Não te amei mais depois
que me pediu em namoro com a aliança mais cara da joalheria, uma de papel já me
faria a garota mais feliz do mundo. Sabe aquele buquê de flores do meu
aniversário? Eu gostei, não vou mentir, mas eu gostei mais de quando estávamos
andando no parque e você puxou uma folha da árvore mais próxima para que
milhares de gotículas de chuva caíssem na minha cabeça e me fizessem sorrir.
Eu te amava pelo seu jeito
simples que me tirava do sério. Amava a forma que você olhava dentro dos meus
olhos e sussurrava algo baixinho perto do meu ouvido. Seus dedos entrelaçados
nos meus e sua camiseta velha me servindo de pijama pela manhã. Posso te dizer?
Nunca tive um pijama tão gostoso e que me cabia tão bem. Você também cabia bem
aqui dentro de mim, físico ou emocional tu cabia direitinho, garoto.
Nosso amor não acabou, pelo menos
eu ainda acredito que não, mas ele precisou de um tempo. Guardo comigo todas as
lembranças boas de momentos que não vão voltar. Tento apagar aquelas que
insistem em me sufocar, mas infelizmente elas sempre foram mais constantes e
presentes na nossa relação.
Eu te amava, garoto. Com seu riso
fácil que me ganhava em qualquer briga. Te amava com seu jeito meio torto de
levar a vida, seu cigarro meio aceso entre os lábios e o olhar de malícia
quando me via tomando sorvete. Eu te
amava além das redes sociais e não me importava nem um pouco com nosso status
de relacionamento do Facebook ou a
quantidade de selfies que tiramos
juntos. Aliás nossa melhor foto foi tirada quando nós sequer estávamos olhando.
Não sou sua metade porque quando
te conheci já era inteira. Não sou sua mãe, não sou mais um caso, não sou mais
uma que você levou para cama e chamou um táxi no dia seguinte. Eu sou a garota
que te amava de verdade. Mesmo você, com todos os seus defeitos e suas manias
chatas. Mesmo com toda sua implicância e mente fechada. Mesmo com todas as
vezes que me vi trancada no quarto chorando por palavras suas que me rasgavam a
alma.
Eu te amava garoto, com toda
simplicidade que meu amor me cabia. Mas, sabe de uma coisa, eu cansei de
esperar que você me amasse da mesma forma de volta.
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