
Em uma cidade do interior de Indiana, na década de 1980, um garoto chamado Will (Noah Schnapp) desaparece. Em meio às investigações que o Xerife, os amigos e familiares do garoto realizam, segredos vão sendo revelados. Experimentos do governo, forças sobrenaturais e uma menina misteriosa são apenas parte do caminho que nossos protagonistas irão trilhar.
Um funcionário de laboratório desesperado tropeça por
corredores onde luzes piscam sem parar. Desesperadamente ele aperta os botões
do elevador, ele abre, dentro do elevador o homem começa a apertar os botões dos
andares. De repente, ele ouve um som e olha para cima, seu corpo é puxado e
some. Esta é a primeira cena da série, no qual já tínhamos visto no trailer,
extremamente interessante ela já te deixa apreensivo e te dá uma palinha do que
está por vir, e acredite é algo bom, muito bom.
Clara homenagem as obras dos anos 80, Stranger things
resgata tudo de bom da época e ainda insere sua marca e originalidade. As
referências são aos montes, é muito difícil assistir a série e não lembrar de
pelo menos um dos muitos filmes que a inspiraram. Em diversos momentos me senti
assistindo à E.T., Os goonies, Conta comigo e todos aqueles filmes maravilhosos
com crianças aventureiras e muitas vezes travessas. As referências não param
por aí, é possível encontrar menções a O Senhor dos anéis, Star Wars, Poltergeist
e muitos outros, incluindo pôsters de filmes como Tubarão, A morte do demônio,
etc.
As inspirações e homenagens são muito claras, assim como
pudemos observar no trabalho de J.J Abrams em Super 8 com suas influências e
reverências, principalmente ao mestre Spielberg. Tudo isso é possível ser visto
e apreciado aqui.
Me senti assistindo uma obra dos anos 80, com a toda aquela
magia envolvida. A ambientação da época é fantástica e nostálgica, a fotografia
linda, trilha sonora impecável, a trama envolvente e o elenco além de
extremamente competente, parecem diretamente tirados de uma obra oitentista. A
caracterização dos personagens foi muito bem trabalhada, com afinco e
detalhismo.
Winona Ryder está fantástica, sua interpretação de mãe
desesperada, mas que tomará a frente e fará qualquer coisa para ter o filho de
volta está irretocável. O fato de ser a primeira a perceber que o sumiço de seu
filho é mais do que aparenta, e que talvez fenômenos sobrenaturais estejam
envolvidos só a torna uma personagem mais cativante ainda.
Os protagonistas mirins são impecáveis, e digo isso sem
nenhuma ressalva. Sabe todo o meu falatório sobre como me senti assistindo aos
clássicos novamente? Então, Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo, o melhor e mais engraçado), Lucas (Caleb McLaughlin) e El (Millie Bobby Brown ) são os principais
responsáveis por isso. Todo aquele compromisso com a amizade de forma
verdadeira que vemos em Gonnies e Conta comigo é muito bem trabalhado aqui. Os
garotos possuem seu clube, suas regras e juramentos, é lindo de ver. Mike em
sua aparência e principalmente Dustin por suas atitudes e piadas são os mais
nostálgicos.
Assim que El (apelido de Eleven) é adicionada ao grupo, a
pacata vida dos garotos que passam horas jogando Dungeons & Dragons no
porão de Mike sofre um baque. Durante a busca dos garotos na floresta pelo
amigo desaparecido, El é encontrada no mesmo local em que Will desaparecera, o
que deixa os meninos mais curiosos ainda. Millie Bobby Brown impecável e
eficiente me surpreendeu muito como Eleven. É incrível como a garota leva a
personagem com maestria. Além de encantadora, a personagem é extremamente
poderosa.
O Xerife Hopper (David Harbour) foi uma grande surpresa, devido a seus
momentos iniciais, ideias de que ele parece um policial relaxado surgem, mas
conforme a investigação vai acontecendo e ele percebe que o desaparecimento do
garoto é mais do que se mostra, ele se torna um personagem dedicado. Seus
flashbacks na season finale acrescentam muito à construção de suas motivações.
Jonathan (Charlie Heaton) e Nancy (Natalia Dyer) também crescem muito na trama,
principalmente Nancy que passa de adolescente clichê à garota bad ass que não tem
medo de lutar com um monstro sobrenatural.
A série sabe desenvolver sua história e personagens de forma
surpreendentemente bem. O desenvolvimento de ambas é relativamente rápido,
afinal a temporada conta com apenas 8 episódios. Não há espaço para enrolação,
a trama se desenvolve rapidamente, mas sem se atrapalhar ou deixar pontas
soltas. Todos os personagens crescem muito e aos poucos se tornam apaixonantes.
A trama cada vez mais envolvente prende qualquer um, independente de gênero
favorito. Os mistérios vão sendo resolvidos e o espectador se sente preso à
trama em todos os momentos.
A nova série original Netflix é mais uma produção em que se
quer assistir todos os episódios de uma vez, assistir um por dia é uma missão
praticamente impossível. Eu fiquei completamente apaixonada pela série, não
conseguia largar e tudo que vejo relacionado à obra, por menor que seja a
informação, faz meu coração saltar.
Não é necessário ter assistido os clássicos que citei para
entender Stranger Things, porque as referências são sutis e servem para deleite,
como a fuga com bicicletas, a cena em que os garotos usam o rádio da escola, os
jogos de tabuleiro, a aventura nos trilhos, etc. Todas essas coisas conquistam
e te levam de volta aquela época gostosa. O gosto de nostalgia é enorme e
grande arma da série. Mas duvido que caso você ainda não os tenha visto nao deperte uma vontade imensa de assisti-los agora (ou reassisti-los, como foi o meu caso). No entanto de forma geral a obra é completa, competente e tem
uma história independente.
Winona e David Harbour são veteranos competentes e mandam
muito bem em seus papéis, sustentando o lado mais sombrio e sério da obra. Mas
a grande pérola de Stranger things é de longe seu elenco mirim. Com a graça,
inocência e coragem da infância, aliados aos valores incondicionais da
verdadeira amizade.
Elementos do horror e fantasia permeiam toda a obra, para
quem está procurando por suspense não há como se decepcionar. Fãs de Stephen
King irão gostar de boa parte dos elementos apresentados, e alguns momentos
também me lembraram cenas de O labirinto do Fauno.
Stranger Things cumpriu muito mais do que prometeu em seus
trailers e entregou uma das melhores estreias do ano. E para mim já consagrada
uma das melhores séries originais Netflix, um espetáculo com selo de qualidade
da empresa. A série já estava renovada antes mesmo da estréia da primeira
temporada então agora é soltar aqueles fogos de artifício e aguardar até o ano
que vem.
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