
Sweet vicious acompanha a história de Ophelia e Jules, duas amigas que fazem justiça com as próprias mãos no campus da Universidade de Darlington, em busca de vingança para vítimas de crimes sexuais.
Realista
e sensível, discutindo um tema extremamente relevante, a produção da MTV retrata
a cultura do estupro com uma abordagem diferente, porém bem vinda.
Voltada para o público jovem, e com pitadas de bom humor a série foge de ser semelhante
das obras do gênero. Sweet Vicious pode enganar passando a imagem de que não tratará
o assunto com a devida seriedade, mas ao decorrer dos episódios da primeira
temporada vemos como o assunto é tratado com sensatez.
Infelizmente
o estupro e outros crimes de caráter sexual são recorrentes na sociedade, por
isso é muito importante discutir o assunto com os públicos mais jovens, pois é instruindo
desde cedo que podemos ajudar a minimizar o problema.
Os
alívios cômicos dos primeiros episódios podem soar desnecessários ou destoantes
do tom que o assunto deve receber, mas conforme vai passando a temporada, eles funcionam
muito bem como fôlego às tramas cada vez mais pesadas e tristes que são inseridas
ao enredo.
Ophelia
e Jules são ótimas protagonistas, personagens fortes e inteligentes, conquistam
e nos cativam com suas personalidades marcantes. É sempre bom ver personagens
femininas interessantes que fogem aos estereótipos que hollywood adora. Jules é
a mais bem desenvolvida, suas motivações para se tornar uma justiceira vem a
tona de forma tocante e comovente e sua amizade com Ophelia cresce de forma
surpreendente e linda ao decorrer da história.
Ophelia
é a responsável pela parte mais cômica da série, e por isso inicialmente é a
personagem com mais chances de cativar. Apesar dos meus comentários sobre os alívios
cômicos, nunca há piadas ou romantização de estupro ou algo parecido. A série é
muito respeitosa com o assunto, e provavelmente por ser produzida e roteirizada
por mulheres sabe tratar muito melhor do assunto do que diversas obras que tentam
imitar a perspectiva feminina, mas que pecam por não serem criadas pelas
mesmas.
É
incrivelmente importante ter mulheres trabalhando no tema para que o espectador
consiga compreender de forma aprofundada, porque não é fácil argumentar,
criticar ou até mesmo falar sobre o assunto apenas através da empatia que
alguns homens podem ter, é necessário sentir na pele.
O
realismo da série é estrondoso e uma das coisas que mais chama a atenção. Além
de toda a discussão acerca dos abusos, a cultura do estupro, e o pensamento de
poder que abusadores possuem sobre o corpo das vítimas, a série discute muito
bem o silenciamento que diversas mulheres sofrem ao procurar punição para os agressores.
Culpabilização da vítima, desencorajamento da denúncia e a pressão psicológica
que as vítimas sofrem, principalmente se o culpado for famoso ou “importante” é
retratado em Sweet Vicious da melhor forma e mais crível possível.
Em um mundo onde grande parte da população ainda acredita que a roupa da vítima incentiva o estupro, que “moças comportadas” não sofrem assédio, que machismo não existe e que quando a mulher denuncia é louca, desesperada ou quer atenção, a importância de Sweet Vicious é gritante, a série ser boa e instigante é apenas um bom bônus.
É muito bom ver obras do gênero que discutem assuntos com a devida importância, é triste saber que a série possui pouco reconhecimento, realmente espero que isso mude, porque sua importância é enorme e devia fazer parte da grade de todo mundo.
É muito bom ver obras do gênero que discutem assuntos com a devida importância, é triste saber que a série possui pouco reconhecimento, realmente espero que isso mude, porque sua importância é enorme e devia fazer parte da grade de todo mundo.
A série teen feminista para chamar de sua!
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