
Na Califórnia dos anos 1970 acompanhamos a trajetória de três mulheres de diferentes faixas etárias explorando seus sentimentos, medos, inseguranças e relacionamentos.
Na
famosa “corrida do Oscar” sempre somos surpreendidos com gratas surpresas ou
bombas completas. Apesar de 20th Century Women ser daqueles filmes que você já sabe que vai amar apenas assistindo ao trailer, ainda sim o filme te atinge de
uma forma totalmente inesperada e conquista de forma arrebatadora.
Bonito,
profundo e melancólico, com uma trilha sonora maravilhosamente ambientada nos
anos 70, o filme é dono de uma narrativa dinâmica e adorável. Com diversos narradores
ao decorrer da trama, recheado de diálogos afáveis e poéticos, vamos conhecendo
mais da vida dessas mulheres comuns, mas que como todo ser humano, podem ser
extraordinárias. A narrativa pode ser simples, mas não seus protagonistas,
todos os personagens são complexos e profundos, explorados com
desenvoltura.
Responsável
pela boa construção da história, o roteiro delicado e sensível de Mike Mills dá
força aos atores que exprimem ótimas atuações. O elenco encabeçado pela
excelente Annette Bening, perfeita no papel de Dorothea, conta também com
nomes como Elle Fanning, Greta Gerwig, Billy Crupud e Lucas Jade Zumann.
Além da
forma bonita com que os personagens são explorados em suas experiências de
autodescobrimento, o filme de depara com diversas discussões tabus pertinentes,
as questões femininas presentes são bem retratadas e empáticas. Há um enorme contraste
entre as personagens mulheres, cada uma resolve seus problemas de forma
diferente, em diversos contextos e situações. Agindo de forma certa ou errada, é fascinante e extremamente
apaixonante acompanhar suas trajetórias.
Os
personagens masculinos, William (Billy) e o fofíssimo Jamie (Lucas), também são
bem feitos e explorados de forma eficiente, mas são as mulheres que roubam a
cena. A discussão da maternidade, interligando diferentes momentos da vida de
Abbie (Greta), Julie (Elle) e Dorothea (Annette) é muito bem pontuada. Fugindo
das discussões piegas ou clichês, as relações dos personagens e as diferenças
entre suas gerações são apaixonantes e verdadeiras. Com leveza vemos que não nos
descobrimos apenas na adolescência, você pode se autodescobrir, e provavelmente
o fará, a qualquer momento da vida. Seres humanos estão em constante evolução,
não é porque você é adulto que seus medos, desejos e sonhos vão embora, e é
importante explorar isso sempre.
A
belíssima direção de arte e fotografia fazem o coração saltar, a beleza da obra
está presente em todos detalhes. O filme deixa bem claro o que acontecerá com
os protagonistas no futuro, e apesar do tom triste de algumas histórias, é
impossível não se ver extasiado, a beleza das cenas, cores e enquadramentos
seduzem.
É triste
o filme não ter sido indicado à categoria de Melhor Filme no Oscar 2017, a
nomeação na categoria de Melhor Roteiro Original é justa, mas o filme merecia
muito mais.
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